quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reciclagem (ou o retorno dos que não foram)

Foto: Diego Teschi

Ontem saí bem mais satisfeito, curiosamente, graças também ao que já tinha desistido. Aliás, toda a edição de ontem foi atípica. Vivi um dia de Igor, que pegou o meu papel. Ele vinha com ideias, para ele sempre possíveis, enquanto eu citava o cigarro, a cerveja, a mão, o calango, enfim, tudo que pudesse resultar em problema de continuidade. Fiquei obsessivo com o encaixe e a suavização, ele com as atuações e o enquadramento. Foi ótimo para o filme, e tornou o processo mais leve, divertido até. Só tive certeza que nós dois continuávamos nós dois, e não o outro, na primeira pausa para o café. Se ele continuava com a eterna e insaciável saudade da cafeína (já tenho vícios demais, obrigado), aquilo provavelmente não passava de uma ilusão.

Curioso também como, após a desistência de minha ideia inicial, eu volto a ela, o que me parece bom. Sinto que processo está menos "manipulador" (não peçam detalhes, por favor), ou pelo menos me passa essa impressão, que é o que importa. Prova disso é que, como disse acima, passei a usar um plano que já estava com a passagem comprada para o lixo.

Existia um trecho do roteiro que, se por um lado me soava como um dos que inicialmente mais me agradava, por outro "não bateu". Dos ensaios até o segundo dia de gravação, não me convencia, e foi uma das poucas coisas enfatizadas por Roberto como um problema (o rapaz é educado). Só tínhamos mais uma dia, e provavelmente mais dois planos daquela sequência, mas conversei com Bruna e disse para ela mudar o raciocínio e a ordem, trocar introdução com conclusão, e improvisar do jeito dela.

O porém é que, no primeiro take após isso, não sei se ela esqueceu ou se Lucas não deixou, mas fato é que, embora tenham mantido parte do texto que para mim não funcionava mais, os dois reagiram maravilhosamente. Eles fizeram o que fazem os melhores atores: pegam um texto que, a princípio não funciona, e tornam bom. Para completar o lado positivo, é um dos momentos em que David melhor aproveita a luz e a câmera.

Não dá para dizer que temos um segundo corte, até porque parte da penúltima sequência tem erro grotesco, que eu e Igor, ao reeditá-la às pressas, deixamos passar. Seja como for, essa versão já está nas mãos de Thiago Ferreira. Por vários motivos, entre eles tempo, preferi mandar para ele um link onde possa baixar o filme em baixa resolução. Um arquivo que em Full HD deve ter vários GB, foi resumido a 96MB. Mas, como já conhece o roteiro, e como encaixe de esboço de trilha já ficou perfeito sem ele ter visto nada das filmagens, imagino que seja suficiente.

Hoje é dia de Iemanjá, de Rio Vermelho - ainda que seja de textos também. Amanhã eu e Igor voltamos à ativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário